Na vanguarda do conservadorismo: o papel da educação na emergência bolsonarista.

Esta pesquisa tem como problema geral o modo como o bolsonarismo surgia na arena pública em conexão a disputas sobre o domínio educacional. Tendo em vista um conjunto de terminologias e expressões que circulavam em ressonância ao universo educacional, como a malfadada ideologia de gênero, pretende-se compreender o papel da educação na direita bolsonarista no país, em conexão ao domínio moral da educação e às disputas simbólicas daí oriundas. Como objetivos específicos, buscouse mapear e interpretar as categorias nativas de Projetos de Lei do Escola Sem Partido (ESP), assim como investigar o domínio educacional em bibliografia específica deste universo e das Ciências Sociais. Para tanto, trata-se de pesquisa qualitativa, de natureza básica e com o objetivo descritivo e compreensivo, em que se analisou os Projetos de Lei do ESP, em nível federal, entre os anos de 2014 e 2016, acompanhados de fontes secundárias relacionadas a esta temática. Com efeito, observou-se que disputas sobre o domínio educacional contribuíram para a própria configuração do bolsonarismo como uma comunidade moral, em um conjunto de oposições binárias que deslocavam eixos de entendimento progressistas e transmitiam uma mensagem de corrupção moral no país. Por meio de elementos do domínio educacional, como a construção de professores enquanto exploradores e dominantes, o discurso do ESP se aproxima do populismo autoritário, perspectiva que permite compreender o paradoxo de um movimento conservador e insurgente. Portanto, sobre a relação entre adultos e crianças e a transmissão de arbítrios culturais estruturantes na educação, o bolsonarismo surgia como grupo legítimo na política brasileira, para além de uma direita envergonhada.