Mestrado em Ciências Ambientais
URI Permanente para esta coleçãohttps://repositorio.unifal-mg.edu.br/handle/123456789/2647
Navegar
Navegando Mestrado em Ciências Ambientais por Orientador(a) "Cunha, Rogério Grassetto Teixeira da"
Agora exibindo 1 - 1 de 1
- Resultados por página
- Opções de Ordenação
Item Acesso aberto (Open Access) A temperatura corporal influencia no canto de anfíbios sob competição intraespecífica?(2025-07-30) Furtado, Henrique Silva Cardoso; Cunha, Rogério Grassetto Teixeira da; Bastos, Rogerio Pereira; Santos, Fábio Hepp Silva Fernandes dosNos anuros, muitos comportamentos sociais e reprodutivos são mediados pela comunicação sonora que é influenciada por fatores exógenos e endógenos. A temperatura e a precipitação são os fatores ambientais com maior influência sobre o ciclo de vida dos anuros e a sua atividade vocal. As características dos sinais variam entre espécies e indivíduos, possivelmente ligadas às preferências das fêmeas. Muitos estudos investigaram a associação entre a temperatura ambiente e as características das vocalizações, mas poucos investigaram a temperatura corporal, que até então exigia métodos invasivos. Hoje, é possível mensurar a temperatura corporal de forma não invasiva, com câmeras termográficas. Investigamos a correlação entre a temperatura do ar e corporal de anuros e seus efeitos sobre comportamento vocal e o contexto social. Hipotetizamos que quanto maior a temperatura corporal dos machos de Boana albopunctata, maior taxa de pulsos e taxa total de notas emitidas por minuto e a diminuição da duração. Hipotetizamos também que a temperatura corporal está correlacionada com a temperatura do ar e que elas possuem efeito positivo com a densidade de indivíduos e com a distância entre os vizinhos mais próximos. As coletas ocorreram em 14 sítios reprodutivos no sul de Minas Gerais, Brasil, entre fevereiro e abril de 2024 e entre outubro de 2024 e março de 2025. Obtivemos gravações de 1486 notas de 89 indivíduos e analisamos os dados com Modelos Lineares Mistos. A temperatura do ar e a temperatura corporal apresentaram correlação positiva (p < 0,001), e a primeira influenciou positivamente a distância entre indivíduos (p = 0,01), refletindo possíveis efeitos sobre as estratégias reprodutivas e a formação de coros nos anuros, já que condições climáticas favoráveis estimulam a vocalização e a agregação de machos. O modelo rejeitou a temperatura corporal como variável de influência direta sobre os parâmetros acústicos, mas confirmou que a taxa de pulsos das notas T aumenta com a temperatura do ar (p = 0,01) e que a umidade exerce efeito negativo sobre a taxa de pulsos das notas A (p = 0,0328). Além disso, foram observados efeitos negativos da taxa de pulsos sobre a duração das notas B (p = 0,0357) e da taxa de chamado sobre a taxa de pulsos das notas T (p = 0,0015), bem como um efeito positivo da taxa de chamado na duração das notas T (p = 0,0084). As correlações significativas entre parâmetros acústicos indicam a existência de compensações entre esforço e desempenho vocal, sugerindo limites fisiológicos e comportamentais que modulam a comunicação acústica. É possível que a pequena variação térmica corporal e as diferenças sociais e ambientais entre populações tenham atenuado alguns efeitos, mas os resultados apontam potenciais caminhos para estudos futuros sobre o papel integrado da temperatura e do contexto social na comunicação dos anuros.
