Bioprospecção e caracterização de fungos endofíticos produtores de compostos bioativos isolados de Dalbergia ecastaphyllum L. Taub
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Resumo
Os metabólitos secundários de endófitos são conhecidos por suas atividades bioativas e utilização biotecnológica. A Dalbergia ecastaphyllum (L).Taub é a principal fonte da resina utilizada para a produção de própolis vermelha brasileira, produto com propriedades medicinais, seus endófitos constituem fontes atrativas para a bioprospecção de compostos biologicamente ativos. Este trabalho objetivou isolar fungos endofíticos de D.ecastaphyllum para avalia-los em ensaios biológicos, in vitro, de atividade amilolítica, antimicrobiana, antioxidante, antiproliferativa, determinação de compostos por Cromatografia líquida de alta eficiência em fase reversa (CLAE-FR) dos extratos brutos e caracterização morfológica dos microrganismos. Um total de 150 fungos endofíticos foi obtido através das folhas de D. ecastaphyllum coletadas em Canavieiras-BA. Foi estabelecido, pela primeira vez, um protocolo eficaz para a obtenção de fungos endofíticos para essa espécie vegetal. Os endófitos foram submetidos à triagem de atividade amilolítica e antimicrobiana pela metodologia do ágar em bloco, 12,67% foram capazes de sintetizar a enzima amilase in vitro e 23,33% apresentaram atividade antimicrobiana no método de triagem. Onze endófitos foram selecionados de acordo com o tamanho e especificidade das zonas de inibição na triagem, e foram submetidos à fermentação fúngica para obtenção de seus extratos brutos. Os extratos etanólicos dos endófitos foram avaliados pelo método de microdiluição em caldo contra bactérias Gram-positivas, Gram-negativas e leveduras do gênero Candida spp. Todos os extratos apresentaram atividade antimicrobiana, principalmente contra bactérias da família Enterobacteriaceae. As concentrações inibitórias variaram de 50 µg/mL até 800 µg/mL. Os extratos foram avaliados em ensaio antioxidante de DPPH, no qual todos tiveram capacidade sequestrante de radicais livres com médias estatisticamente distintas, sendo três extratos mais ativos que o padrão sintético comercial Hidroxitolueno butilado. O ensaio de viabilidade celular por MTS de cinco extratos não mostrou diminuição significativa da proliferação celular em células tumorais MCF-7, A549 e Hep-G2. As análises por CLAE-FR indicaram que os metabólitos secundários produzidos pelos endófitos têm características polares, e a caracterização morfológica prévia pela técnica de microcultivo mostrou fungos com hifas hialinas, septadas e produção de ascósporos sugestivos do filo Ascomycota. Este constitui o mais completo levantamento da microbiota endofítica de D.ecastaphyllum presente na literatura, o primeiro relato de atividade antimicrobiana de seus endófitos, e a comprovação de seu potencial como fontes de substâncias bioativas de interesse biotecnológico.