Efeito dos treinamentos musculares respiratório e periférico na capacidade funcional de indivíduos submetidos à cirurgia de revascularização do miocárdio

Disfunções pulmonares e periféricas após cirurgia de revascularização do miocárdio (CRVM) incluem alterações na função pulmonar (FP) e perda de força muscular respiratória (FMR) e periférica (FMP). Não é conhecido o efeito da associação entre o treinamento muscular respiratório (TMR) e o treinamento muscular periférico (TMP) sobre a capacidade funcional (CF) em indivíduos que são submetidos à CRVM. O objetivo deste estudo foi investigar a influência da associação TMR e TMP sobre a recuperação da CF precoce e e qualidade de vida em pacientes submetidos à CRVM. O presente estudo foi um ensaio clínico controlado e randomizado, realizado com 83 voluntários adultos de ambos os sexos, divididos dois grupos: controle (GC), constituído por 42 indivíduos e intervenção (GI), constituído por 41 indivíduos. Os participantes foram submetidos a sessões de TMR e TMP após a CRVM até o 5o dia pós-operatório (PO5). A intensidade do TMR, caracterizado por treinamento muscular inspiratório (TMI) e expiratório (TME) foi calculada por meio de 15% dos valores obtidos manovacuometria. O primeiro grupo realizou fisioterapia convencional de acordo com o protocolo do hospital em que o estudo foi realizado. O GI, por sua vez, realizou, além da fisioterapia convencional, TMI, TME e TMP. Além disso foram avaliadas antes da cirurgia e no PO5 as seguintes variáveis: Pico de fluxo expiratório (peak flow), a capacidade funcional (teste de caminhada de seis minutos – TC6), a força muscular periférica (dinamometria) e verificada a qualidade de vida dos participantes (por meio do questionário SF-36). Os resultados do estudo demonstraram que o GI apresentou menor perda de força muscular inspiratória (p < 0,05) em relação ao GC e não houve diferença significativa em relação à FMP (p > 0,05). Em adição, os achados não demonstraram a influência de tal ganho sobre a CF (p > 0,05). Em relação à qualidade de vida, os indivíduos do GI apresentaram maior sensação de vitalidade (p < 0,05) e também maior percepção de dor (p < 0,05) em relação ao GC. Desse modo, o presente estudo concluiu que o TMI promoveu redução de perda de força muscular respiratória em indivíduos que são submetidos à CRVM e que a associação entre TMP e TMR, nesses indivíduos, melhorou a percepção de vitalidade. Embora tal associação não tenha apresentado melhora significativa em relação à CF, sugerimos que novos estudos possam ser desenvolvidos com o objetivo de se obter maiores resultados.