Trealose exógena mitiga estresses abióticos em plantas pela melhora da morfofisiologia: uma meta-análise

Abstract

Os estresses abióticos representam um dos principais desafios para a agricultura mundial, especialmente diante das mudanças climáticas, que têm tornado esses eventos mais frequentes e intensos. Fatores de estresse como déficit hídrico, salinidade, temperaturas extremas (frio e calor) e contaminação por metais pesados provocam alterações significativas na morfologia, fisiologia, anatomia e bioquímica das plantas, comprometendo seu crescimento, metabolismo e produtividade. Diante desses impactos, diversas estratégias vêm sendo estudadas para mitigar os efeitos deletérios causados pelos estresses em plantas. Entre essas estratégias, destaca-se o uso de bioestimulantes, que, segundo a literatura científica disponível, englobam qualquer substância ou microrganismo utilizados em plantas com o objetivo de promover o crescimento vegetal e aumentar a tolerância ao estresse, independentemente da disponibilidade de nutrientes no solo. A trealose, um dissacarídeo não redutor naturalmente presente em alguns organismos, têm ganhado destaque como um bioestimulante promissor na agricultura. Esse composto é um açúcar e atua como osmoprotetor, estabilizando estruturas celulares, como proteínas e membranas, além de contribuir para a manutenção da homeostase, proteção antioxidante e regulação de vias metabólicas e de sinalização. A aplicação exógena da trealose tem se mostrado eficaz em diferentes espécies vegetais na mitigação dos efeitos provocados por diversos tipos de estresse abiótico, mas ainda não há um estudo amplo na literatura que faça uma análise estatística para comprovar esse efeito. Dessa forma, o presente trabalho teve como objetivo realizar uma meta-análise sobre os efeitos da aplicação exógena da trealose em plantas submetidas a estresses abióticos, incluindo déficit hídrico, salinidade, temperaturas extremas e metais pesados. Através desta meta-análise foi possível observar que a trealose exógena aumenta os teores de amido, açúcares solúveis totais, trealose endógena, pigmentos fotossintéticos e fluorescência da clorofila, melhora as atividades antioxidantes enzimáticas e não enzimáticas, aumenta as trocas gasosas foliares, status hídrico, além de diminuir os níveis de peroxidação lipídica, H₂O₂ e a permeabilidade da membrana. Além disso, a trealose melhora parâmetros de crescimento e produtividade das plantas, como peso fresco do broto, comprimento da raiz, área foliar e rendimento de grãos. Dessa forma, este estudo demonstrou que a trealose pode ser aplicada em plantas submetidas a estresses abióticos, especialmente déficit hídrico, salinidade, frio, calor e metais pesados. Para mitigar os efeitos desses estresses, recomenda-se sua aplicação, principalmente por pulverização foliar.