Carbon losses due to water erosion and greenhouse gas emissions in coffee farming in the southern state of Minas Gerais
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Resumo
A preocupação com as questões ambientais é cada vez mais frequente, especialmente no que diz respeito aos impactos do aquecimento global e das mudanças climáticas existentes e previstas para os próximos anos. Os cenários projetados, diante desses fenômenos, estão diretamente associados ao aumento da concentração dos gases de efeito estufa (GEE) na atmosfera. Os principais GEE são o dióxido de carbono (CO₂), o metano (CH₄), o óxido nitroso (N₂O) e o vapor d‘água. As principais fontes das emissões de GEE no Brasil estão relacionadas ao desmatamento e à mudança no uso da terra para agropecuária. Neste cenário a agropecuária contribui para o aumento das emissões pela fermentação entérica do bovinos, mecanização agrícola e pelo uso de fertilizantes nitrogenados. Diante disso, a agropecuária moderna exige, cada vez mais, o uso racional e sustentável dos recursos naturais e dos insumos agrícolas, tornando imprescindível a adoção das melhores práticas ambientais na condução dos tratos culturais e do processo produtivo. Assim, objetivou-se com o estudo identificar as principais fontes e estimar as emissões e remoções de GEE em três áreas de produção cafeeira no sul de Minas Gerais, nos anos de 2021, 2022 e 2023, considerando-se as emissões diretas e indiretas. O inventário foi elaborado com base nos parâmetros do GHG Protocol, do Ministério da Ciência e Tecnologia, do IPCC, além de dados regionais específicos. Também foi realizada a quantificação das perdas de solo e de carbono pela erosão hídrica, o cálculo do estoque de carbono sob cafezal e, ao final, elaborou-se o balanço de carbono das propriedades. Como resultado, a metodologia apontou perdas de solo entre 1,6 e 32 Mg ha-1 ano-1, com os menores valores obtidos na mata nativa e os maiores no solo exposto. As perdas de carbono variaram de 1 a 6600 kg ha-1 ano-1. Ambos valores foram considerados baixos dentro da literatura especializada. O inventário indicou que os GEE gerados na área de estudo decorreram principalmente do uso de fertilizantes nitrogenados e do consumo de combustíveis fósseis, especialmente o óleo diesel. A queima direta de lenha nas caldeiras também gerou quantidade significativa de GEE, embora essa queima seja considerada neutra em termos de emissões. As emissões líquidas de CO₂ foram negativas nos anos analisados, com remoções superiores às emissões. Tais valores variaram entre -3,5 e -9 t CO₂e no período, demonstrando a sustentabilidade da agricultura nas áreas. Tais valores de remoção de CO₂ estão dentro da faixa observada em outros estudos realizados sob clima tropical. As áreas de cafezal foram as maiores responsáveis pela remoção de CO₂, devido à alta densidade de plantas, às podas frequentes e ao manejo agrícola adotado. Conclui-se que a produção de café nas unidades de estudo apresenta emissões de GEE significativamente inferiores à média global, o que evidencia a importância do manejo conservacionista aplicado. No entanto, esses valores ainda podem ser reduzidos com a substituição da ureia por fontes nitrogenadas não ureicas e com a diminuição do consumo de lenha direta.
