Derivado da Licarina A como potente agente leishmanicida: efeito no potencial de membrana mitocondrial
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Resumo
As leishmanioses constituem um conjunto diversificado de doenças parasitárias causadas por protozoários flagelados do gênero Leishmania. As opções terapêuticas disponíveis são escassas, de alto custo e alta toxicidade, apresentam efeitos adversos graves, resistências parasitárias e recidivas. Os compostos naturais e seus derivados são considerados promissores candidatos a farmácos para inúmeras patologias. Dentre os compostos naturais com conhecida atividade leishmanicida, porém pouco estudada, está a neolignana Licarina A. Neste contexto, o presente estudo teve como objetivo analisar a atividade leishmanicida da Licarina A (DL01) e 17 de seus derivados em ambas as formas evolutivas de Leishmania (L.) amazonensis, bem como sua citotoxicidade e possíveis mecanismos de ação. Para tanto, formas promastigotas (10 6 células/ mL) foram tratadas com os compostos em diferentes concentrações (0,1 a 40 µg/mL) e incubadas durante 72 horas a 25 °C. Após esse período, a viabilidade celular foi avaliada pelo método da resazurina para a determinação da concentração inibitória de 50% das células (CI 50 ). A citotoxicidade foi determinada em macrófagos peritoneais murinos (10 6 células/mL) tratados com compostos em diversas concentrações (3,9 a 500 µg/mL) e incubados por 48 horas a 37 °C, 5% de CO 2 . A viabilidade celular foi determinada pelo método colorimétrico MTT [brometo de 3 (4,5-dimetiltiazol-2- il) -2,5-difeniltetrazólio] para a determinação da concentração citotóxica de 50% (CC 50 ). Adicionalmente, os compostos que apresentaram melhores índices de seletividade (IS) foram submetidos à avaliação da atividade anti-amastigota, na qual macrófagos (5x10 5 células/mL) foram infectados com formas promastigotas em fase estacionária da curva de proliferação, tratados por 48 horas com os compostos em uma escala de concentrações (0,1 a 40 µg/mL), corados com giemsa e analisados ao microscópio óptico. Em seguida, o melhor IS obtido em relação às formas amastigotas foi utilizado para selecionar o composto mais promissor para o estudo de mecanismo de ação. Este foi realizado através da análise do potencial de membrana mitocondrial (ΔΨ) utilizando a sonda JC-10. Os resultados indicaram que treze dos compostos estudados apresentaram atividade contra as formas promastigotas, sendo que alguns se mostraram menos tóxicos, comparados ao composto DL01 e Anfoterina B. Os compostos DL03, DL10, DL17 e DL21 apresentaram IS superior em relação às formas promastigotas, variando entre 1,9 a 7,54. Quando submetidos à análise anti-amastigota, o composto DL21 apresentou melhor atividade entre os demais compostos testados (CI 50 = 0,45 ± 0,07 g/mL) e com maior IS, 41,1. Assim, o DL21 foi selecionado para o estudo de mecanismo de ação, juntamente com a DL01. Diante dos efeitos destes compostos sobre o ΔΨ, o DL01 o reduziu em 13,5%, enquanto o DL 21 o aumentou em 3,0%. Os resultados obtidos indicam que o composto DL21 é um promissor candidato a fármaco com ação leishmanicida. Entretanto, novos estudos são necessários para um conhecimento mais amplo de mecanismo de ação, bem como avalições in vivo da atividade e toxicidade.