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São Benedito, festa e resistência cultural: a contribuição do capital social na preservação do patrimônio imaterial
(Universidade Federal de Alfenas, 2018-10-26) Paparidis, Caroline De Paula Fernandes Lima; Mafra, Luiz Antonio Staub; Mafra, Luiz Antonio Staub; Silva, Everton Rodrigues Da; Rodrigues, Carmem Lúcia
A festa de São Benedito no município de Machado (MG) vem sendo realizada há mais de cem anos com intensa participação e mobilização de diversos setores da comunidade. Objetiva-se por meio desta pesquisa compreender a contribuição do ‘capital social’ na preservação dessa festa. Para tanto, parte-se da hipótese de que a festa vem se mantendo ao longo dos anos em decorrência do capital social existente nessa comunidade. O capital social diz respeito a características da organização social, tais como, confiança, sistemas e normas que auxiliem no incremento da eficiência da sociedade, facilitando as ações coordenadas e a cooperação espontânea (PUTNAM, 2006). Assim, pretende-se analisar como se dá a organização e execução da festa relacionando a participação das pessoas e do poder público com a existência de um capital social que vem se multiplicando ao longo dos anos. Foi utilizada uma abordagem não experimental, em sua vertente qualitativa, pesquisas bibliográficas, documental, exploratória, entrevistas semiestruturadas e pesquisa de caráter observacional antes e durante a festa de 2017. A análise dos dados foi realizada por meio da análise do conteúdo (BARDIN, 2011). Constatou-se que o processo de preservação da festa é resultado de um fazer coletivo que se alterou no decorrer dos anos, sendo identificados na pesquisa, três grandes grupos responsáveis pela organização do evento: a Associação dos Congadeiros, a Paróquia Sagrada Família e Santo Antônio e a Prefeitura Municipal. As relações entre os grupos, naturalmente, envolvem cooperação e conflito, bem como existem tanto relações verticalizadas como horizontalizadas, sendo estas últimas facilitadoras do capital social. As contribuições do capital social na preservação deste patrimônio cultural imaterial se materializam através de um arranjo institucional delimitador de papeis e funções; bem como através da colaboração espontânea da comunidade; através da atuação em conjunto dos grupos, que alcançam juntos um objetivo impossível de ser alcançado individualmente. Além disso, no processo de preservação foram percebidos o hibridismo cultural e a resistência, valores culturais que marcam a manutenção dessa festa, destacando-se a resistência dos congadeiros em continuarem participando do evento apesar das dificuldades que enfrentam.