Estudo da atividade biológica do produto da fermentação do fungo endofítico Gibberella moniliformis, proveniente do mangue brasileiro

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Data

2018-07-13

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Universidade Federal de Alfenas

Resumo

A busca por novos compostos para uso na medicina, agricultura e indústria está em contínuo crescimento, e os produtos naturais constituem a estratégia de maior sucesso para a descoberta de novas moléculas. Entre os diversos produtos naturais existentes considera-se os fungos endofíticos de mangues uma fonte valiosa para a descoberta de novas substâncias de interesse terapêutico e biotecnológico, pois oferecem uma diversidade incontável de estruturas químicas. Tendo em vista o potencial bioativo destes micro-organismos, o objetivo deste trabalho consistiu em avaliar a atividade biológica e a composição química da fração butanólica do extrato proveniente da fermentação do fungo endofítico Gibberella moniliformis 99(3) visando identificar novos metabólitos bioativos. O endófito, isolado da planta de mangue Laguncularia racemosa, foi submetido ao processo de fermentação em caldo Czapek e posteriormente o caldo fermentado foi particionado com diferentes solventes gerando a fração butanólica (FBuOH). A composição química da fração FBuOH foi analisada por cromatografia em camada delgada (CCD) e cromatografia líquida de alta eficiência (HPLC-DAD), bem como foi determinado seu conteúdo de fenólicos totais (15,85 mg GAE/g). O estudo cromatográfico da fração FBuOH sugeriu a presença de grupos cromóforos (revelados por luz UV 254 nm), terpenos, saponinas e flavonoides (positivos ao anisaldeído sulfúrico), alcaloides (reativos a Dragendorff) e aminas primárias (positivos a ninhidrina). Foi investigado o potencial biológico da fração FBuOH por meio de diferentes ensaios in vitro. Nos ensaios antimicrobianos foram avaliadas a concentração inibitória mínima (CIM) e microbicida mínima (CMM) contra diferentes micro-organismos, sendo que a fração FBuOH evidenciou forte potencial antifúngico contra Candida albicans ATCC 10231, apresentando CIM de 25-50 μg/mL e CMM de 50 μg/mL, moderada atividade contra Escherichia coli ATCC 25922 (CIM: 100-200 μg/mL e CMM > 400 μg/mL) e foi inativa frente à Staphylococcus aureus ATCC 6538 nas concentrações testadas. Verificou-se efeito sinérgico na associação da fração FBuOH com fluconazol (ICIF = 0,375), com potencialização em 8 vezes da ação do fármaco contra C. albicans. A atividade antioxidante da fração FBuOH foi avaliada pelos métodos DPPH, ABTS, ORAC e FRAP, com resultados de 39,03; 152,16; 213,72 μmol de Trolox/g de fração e 182,28 μmol de Fe2+/g, respectivamente, e também por HPLC-ABTS•+ on-line, não evidenciando compostos com atividade expressiva. A atividade antiproliferativa foi testada pelo método sulforadamina B (SRB) frente a dez linhagens tumorais humanas e uma linhagem não tumoral e verificou-se que FBuOH não inibiu a proliferação celular de nenhuma das linhagens avaliadas nas concentrações testadas (TGI > 250 g/mL), sendo relevante destacar que a mesma apresentou TGI > 250 g/mL também para a linhagem não tumoral HaCaT (queratinócito). A fração FBuOH não apresentou atividade contra formas promastigotas de Leishmania amazonensis nas concentrações testadas (IC50 > 100 g/mL). No ensaio de citotoxicidade a concentração citotóxica da fração FBuOH que inibiu 50% de células Vero foi de 449 g/mL, apresentando índice de seletividade de 8,98. Conclui-se que o fungo G. moniliformis 99(3) é promissor na produção de compostos antifúngicos, incentivando a continuidade de estudos com a fração FBuOH tanto para um possível isolamento do composto responsável pela atividade evidenciada, quanto para futuros testes in vivo.



Palavras-chave

Gibberella, Fermentação, Antimicóticos, Sinergismo de Drogas

Citação

REIS, Ana Luísa Lopes Ernesto. Estudo da atividade biológica do produto da fermentação do fungo endofítico Gibberella moniliformis, proveniente do mangue brasileiro. 2018. 87 f. Dissertação (Mestrado em Ciências Biológicas) - Universidade Federal de Alfenas, Alfenas, MG, 2018.