Estudo de modelos experimentais aplicáveis à seleção de combinações de fármacos em avaliações pré-clínicas da doença de chagas

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Data

2019-12-16

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Universidade Federal de Alfenas

Resumo

Embora muitos avanços tenham sido realizados no âmbito da quimioterapia da doença de Chagas nos últimos anos, ainda não há tratamento com perfil satisfatório de eficácia e segurança para a fase crônica da infecção por Trypanosoma cruzi. O reposicionamento e a combinação de medicamentos têm se destacado como estratégias promissoras na busca de novas terapias. No entanto, paralelamente à busca por novas alternativas, é necessário aprimorar os modelos de avaliação pré-clínica existentes. Nesse sentido, o objetivo do presente estudo foi avaliar os efeitos do ravuconazol em combinação com amiodarona sobre o desenvolvimento da infecção aguda por T. cruzi em diferentes modelos experimentais. Inicialmente foram realizados experimentos in vitro para determinar a toxicidade da combinação e a natureza da interação entre os fármacos sobre a infecção de células H9c2 pela cepa Y de T. cruzi. Posteriormente foram realizados experimentos in vivo utilizando diferentes linhagens de camundongos (Swiss e BALB/c) e cepas do parasito que apresentam graus variáveis de resistência ao tratamento etiológico (Y e Colombiana). Os animais infectados foram tratados a partir do 5o (cepa Y) ou 10o (cepa Colombiana) dia após a infecção durante 5 dias, por via oral, com ravuconazol (0,5mg/Kg) e amiodarona (50mg/Kg) em monoterapia e em combinação. Grupos controle contendo animais não infectados, infectados e não tratados, infectados e tratados com ravuconazol a 10mg/Kg ou benznidazol na dose de 100mg/Kg foram também incluídos. A parasitemia foi quantificada diariamente durante todo o período de realização do experimento. Cinco dias após o término do tratamento os animais foram eutanasiados e o coração coletado para análises histológicas. Os resultados obtidos permitiram confirmar a atividade tripanossomicida dos fármacos e identificar efeito aditivo resultante da combinação entre amiodarona e ravuconazol in vitro, na ausência de toxicidade adicional. In vivo, a amiodarona não foi eficiente em controlar a infecção pelas diferentes cepas do parasito, já o efeito do ravuconazol sobre a cepa Y foi dependente da dose e da linhagem de camundongo utilizada; enquanto a 10 mg/Kg o azólico suprimiu a parasitemia dos animais infectados pela cepa Y em ambas as linhagens, o efeito da subdose em controlar o parasitismo foi significativamente menor nos BALB/c. Por outro lado, a terapia combinada foi efetiva em reduzir a área sob a curva de parasitemia comparativamente às monoterapias, independente da linhagem de camundongo, sugerindo interação positiva entre os fármacos. Curiosamente, o ravuconazol em subdose reduziu drasticamente a parasitemia dos camundongos infectados pela cepa Colombiana enquanto a combinação não induziu benefício adicional. A avaliação histopatológica do tecido muscular cardíaco mostrou que a utilização combinada de ravuconazol e amiodarona, ao contrário das monoterapias nas mesmas doses, amenizou os danos provocados pela infecção, independente da cepa do parasito ou da linhagem do hospedeiro. Os dados obtidos permitem concluir que a estratégia experimental adotada foi eficiente para avaliar a interação entre os fármacos e sugerem que a linhagem BALB/c constitui um modelo mais estringente para estudos pré-clínicos na quimioterapia da doença de Chagas. Ainda, o ravuconazol e amiodarona combinados apresentam efeito superior às monoterapias em reduzir o parasitismo e prevenir as lesões cardíacas decorrentes da infecção.



Palavras-chave

Antifúngicos, Amiodarona, Trypanosoma cruzi

Citação

RAIMUNDO, Breno Vilas Boas. Estudo de modelos experimentais aplicáveis à seleção de combinações de fármacos em avaliações pré-clínicas da doença de chagas. 2019. 82 f. Dissertação (Mestrado em Ciências Biológicas) - Universidade Federal de Alfenas, Alfenas, MG, 2019.