Influência da alimentação com restrição de tempo (time-restricted-feeding) na microbiota intestional e na evolução na esquistossomose experimental

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Data

2025-07-25

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Resumo

A esquistossomose é uma doença parasitária negligenciada, de caráter agudo e crônico, causada por vermes trematódeos do gênero Schistosoma. No Brasil, Schistosoma mansoni encontra condições favoráveis de transmissão devido à presença do caramujo Biomphalaria como hospedeiro intermediário. Durante a fase aguda, a intensa resposta granulomatosa compromete o trato gastrointestinal e o fígado, favorecendo alterações na microbiota intestinal, um ecossistema dinâmico influenciado por infecção parasitária e dieta. Este estudo teve como objetivo avaliar os efeitos da alimentação com restrição de tempo (time-restricted feeding — TRF) na evolução da esquistossomose aguda e na composição da microbiota intestinal. A TRF consiste em limitar a ingestão alimentar a uma janela diária de 6 a 12 horas, com períodos prolongados de jejum. Evidências sugerem que esse regime pode impactar o metabolismo energético, a sensibilidade à insulina, a composição corporal e a resposta inflamatória, além de modular a microbiota. Assim, compreender seus efeitos em modelo de esquistossomose contribui para avaliar interações entre dieta e processos fisiopatológicos. Camundongos BALB/c foram distribuídos em grupos controle, infectados sem tratamento e infectados tratados com Praziquantel, submetidos ou não à TRF. Os parâmetros avaliados incluíram consumo calórico, coeficiente de eficiência energética (CEE), análises bioquímicas, histológicas e microbiológicas. Houve redução da glicemia nos animais infectados e ausência de alterações significativas nos níveis de fosfatase alcalina. O consumo calórico diminuiu nos grupos controle TRF e infectado TRF sem tratamento. O CEE variou entre grupos, com redução nos infectados ad libitum e TRF, além dos tratados ad libitum, e aumento no controle e no tratado TRF. Na análise histológica do fígado, lâminas coradas por Hematoxilina e Eosina revelaram maior área de granulomas nos infectados submetidos à TRF e aumento de hepatócitos binucleados em todos os grupos infectados. A análise quantitativa de glicogênio hepático, pela coloração PAS, mostrou redução nos grupos TRF. Na abordagem metagenômica, foi realizado o sequenciamento da região V3/V4 do gene 16S rRNA. A diversidade alfa (índices Shannon e Chao1) não indicou diferenças significativas, mas a abundância relativa de classes bacterianas foi alterada. Destacou-se o aumento de Desulfovibrionia em animais submetidos à TRF, além de modulações específicas relacionadas aos tratamentos farmacológicos. Os resultados sugerem que intervenções nutricionais, como a TRF, modulam parâmetros metabólicos e imunológicos, além de influenciar a microbiota intestinal durante a infecção por S. mansoni. Esses achados reforçam o papel da dieta na interação patógeno-hospedeiro e ressaltam a importância de abordagens integrativas no estudo de infecções parasitárias.


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