Covid-19: aspectos da doença, do tratamento medicamentoso e seu manejo no SUS

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Data

2024-12-09

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Universidade Federal de Alfenas

Resumo

Ainda existem lacunas na literatura em relação às variáveis que interferem na prevenção, no controle e no tratamento da doença provocada pelo coronavírus 2019 (COVID-19), bem como na resolubilidade da rede pública de saúde no manejo da doença. Dessa forma, o objetivo do estudo foi analisar os aspectos epidemiológicos e clínicos da COVID-19 em Alfenas-MG, a relação do tratamento medicamentoso com a morbimortalidade e seu manejo no Sistema Único de Saúde (SUS). A pesquisa foi organizada em cinco etapas (A, B, C, D e E). Na etapa A foi realizado um estudo transversal com casos de COVID-19, a fim de caracterizar os acometidos pela doença e identificar os preditores de hospitalização. Na etapa B foi realizado um estudo transversal com dados dos prontuários de pacientes com COVID-19 internados no hospital de referência do município, para identificar os determinantes da morbimortalidade. Na etapa C foi realizado um estudo descritivo com os pacientes inclusos na etapa B que tiveram alta hospitalar, a fim de compreender o itinerário terapêutico e a resolubilidade da rede pública de saúde. Na etapa D foi realizado um estudo descritivo com as prescrições farmacológicas dos pacientes da etapa B, visando analisar os custos diretos da farmacoterapia aplicada à COVID-19. Na etapa E foi realizada uma revisão sistemática com o intuito de avaliar a efetividade e a segurança do sotrovimabe no tratamento da COVID-19. Os dados foram analisados por estatística descritiva e inferencial, com nível de significância de 5%. O estudo foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa da UNIFAL-MG. Os resultados da etapa A mostraram que a COVID-19 acometeu principalmente pessoas do sexo feminino (55%), maiores de 19 a 59 anos (67,8%), solteiros(as) (48,6%), raça/cor branca (60,7%), com ensino médio completo (35%) e renda de até três salários mínimos (61,4%). Os determinantes da internação hospitalar incluíram: raça/cor branca, maior faixa etária, menor renda mensal e nível de escolaridade (p<0,001); ocorrência de doenças crônicas, tabagismo e uso de medicamentos (P<0,05). Na etapa B, observou-se associação entre a mortalidade hospitalar e a permanência de alterações nos exames de ácido lático, dímero-D e proteína C reativa (P<0,05). Ainda, medicamentos como enoxaparina, dexametasona, ivermectina, acetilcisteína, cloroquina e claritromicina foram correlacionados com o óbito (P<0,05). Na etapa C, 75,8% dos entrevistados procurou ajuda médica entre 1 a 5 dias de sintomas, sendo que o Pronto Socorro hospitalar foi primeiro local de busca por atendimento da maioria (85,5%). Em adição, observou-se condutas inadequadas quanto ao seguimento dos protocolos e fluxogramas de manejo da COVID-19. A etapa D mostrou que o custo médio diário do tratamento farmacológico por paciente foi cerca de 44% do valor previsto pelo SUS para o manejo hospitalar da COVID-19. Os antibacterianos e anticoagulantes consumiram a maior parte (68%) dos gastos com terapias medicamentosas. Na revisão sistemática (etapa E) não se verificou diferença significativa entre os grupos sotrovimabe e controle quanto ao uso de ventilação mecânica invasiva e à mortalidade. Entretanto, observou-se que o sotrovimabe pode ser efetivo na redução das taxas de hospitalização em comparação ao controle (IV = -1,57; IC 95%: -2,41-0,73; p=0,99). O trabalho mostrou que os diferentes desfechos da COVID-19 podem ser influenciados por aspectos sociais, econômicos, educacionais, fatores clínicos e hábitos de vida. Todavia, intervenções terapêuticas também impactaram hospitalizações e óbitos. As evidências do uso do sotrovimabe refutaram, em parte, a hipótese de que o medicamento possa trazer benefícios no tratamento da doença em relação ao controle. Para mais, a visualização de falhas no manejo suscita a possibilidade de inferência de outros danos à saúde, além de gastos desnecessários, reforçando a necessidade de otimizar ações preventivas e de manejo da COVID19.



Palavras-chave

Infecções por Coronavírus, Prática Clínica Baseada em Evidências, Tratamento Farmacológico, Uso de Medicamentos, Custos Hospitalares, Sistema Único de Saúde

Citação

AMORIM, Ana Flávia da Silva. Covid-19: aspectos da doença, do tratamento medicamentoso e seu manejo no SUS. 2024. 209 f. Tese (Doutorado em Ciências Farmacêuticas) - Universidade Federal de Alfenas, Alfenas, MG, 2024.