Trabalho docente e formação política: estudo de caso das dificuldades e estratégias de professores do Ensino Médio público no sul de Minas Gerais
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Resumo
A pesquisa apresentada nesta dissertação teve como objetivo principal analisar a atuação de docentes da área das ciências humanas, em relação às dificuldades encontradas e às estratégias adotadas durante o processo de Formação Política de seus alunos do Ensino Médio, no âmbito da educação básica pública. O referencial teórico conta com autores que abordam a relação intrínseca da educação e da política e a necessidade de realizar a Formação Política na educação básica formal, em especial Antonio Gramsci e Paulo Freire. Além disso, a fundamentação teórica evidencia que os diferentes contextos da conjuntura nacional e a estrutura capitalista dificultam o exercício da Formação Política de forma satisfatória, tendo a classe docente como um dos principais alvos do neoliberalismo. Quanto ao tipo de metodologia adotada, trata-se de uma pesquisa qualitativa, de natureza básica e com estudo de caso, já que as análises buscaram compreender os significados que os docentes concebem sobre sua atuação no processo de Formação Política. Neste sentido, realizamos seis entrevistas semi-estruturadas, com professores de duas escolas de Ensino Médio no sul de Minas Gerais, uma com gestão municipal e outra gestão estadual. Os resultados são divididos em duas categorias: dificuldades encontradas e estratégias adotadas pelos docentes. A partir do relato dos entrevistados, identificamos dois tipos principais de dificuldades para a Formação Política. A primeira, de ordem ideológica, que apontou perseguições, ataques e censura aos professores, e a segunda, de ordem estrutural, que demonstrou a precarização da profissão, por desvalorização e proletarização, causando a perda de autonomia sobre a suas práticas pedagógicas. Dentre as estratégias adotadas pelos docentes, identificamos duas principais: as utilizadas por meio do afeto e confiança dos estudantes e as que se pautaram em um modo de ensinar política de maneira indireta, contextualizada e ampliada. Os resultados apresentam um consenso das percepções dos docentes sobre as dificuldades ao realizar a Formação Política. Esse fato evidencia que a Formação Política não possui um projeto coletivo consolidado na educação básica. Esta evidência, por fim, corrobora a hipótese de que a Formação Política não é um objetivo definido na educação pública do Brasil, quiçá uma prioridade.
