Capacidade de bioindicação da epífita Tillandsia recurvata para poluição por partículas suspensas de resíduo de mineração de ferro
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Resumo
A matéria particulada suspensa na atmosfera, provenientes de resíduos de mineração, pode ocasionar efeitos na fisiologia e anatomia das plantas. Tillandsia recurvata L. é uma bromélia epífita sensível à fatores ambientais e com potencial para utilização como bioindicadora para toxicidade de resíduos e qualidade ambiental. Este trabalho teve como objetivo avaliar a fotoquímica, crescimento e anatomia foliar de Tillandsia recurvata exposta a diferentes doses de resíduo de mineração de ferro aplicadas na superfície foliar. O delineamento experimental foi inteiramente casualizado, com cinco concentrações de resíduo: 0 (controle); 5; 10; 15 e 20 mg, e oito repetições. Os indivíduos de T. recurvata foram colocados em potes de 100 mL, contendo casca de pinus, e permaneceram em sala de crescimento à 25±2 ºC, 64% de umidade relativa, intensidade de radiação de 40 Wm-2 e fotoperíodo de 12 h por 120 dias. O resíduo foi aplicado na superfície das folhas a cada 15 dias, e a irrigação foi realizada borrifando-se 0,8 mL de água por planta semanalmente. A eficiência quântica do fotossistema (YII) e a taxa de transferência de elétrons (ETR) foram analisadas utilizando-se o fluorômetro modulado portátil MINI-PAM-II. O teor de clorofila foi estimado utilizando um analisador portátil de clorofila atLEAF CHL PLUS. Para essas análises, todas as folhas da planta foram reunidas, devido a pequena área foliar, e a medição realizada na porção mediana deste conjunto de folhas no período da manhã, entre 7 e 9 h. As plantas foram coletadas mensalmente e separadas em raízes, rizoma e folhas, secas em estufa à 60 ºC, por 72 h, e pesadas em balança analítica para medir a massa seca. Os dados foram submetidos à análise de variância e ao teste de médias do Scott-Knott para P<0,05 utilizando-se o software Sisvar. A aplicação de 5 mg de resíduo de mineração de ferro aumentou a massa seca e fresca de T. recurvata, mas doses maiores reduziram esta variável sendo as médias semelhantes às observadas para o controle. O resíduo não promoveu modificações significativas para a alocação de biomassa para as folhas e raízes. Já as doses de 10 e 15 mg reduziram a alocação de biomassa para o rizoma, enquanto 20 mg aumentaram esse parâmetro para níveis do controle. O resíduo não modificou o YII das folhas de T. recurvata, mas doses de 10 mg ou superiores reduziram a ETR, e o teor de clorofila da espécie foi reduzido por doses de 15 mg ou doses maiores. A análise anatômica das plantas demonstra que a dose de 5 mg de resíduo também aumentou o tamanho das secções foliares, mas doses maiores de resíduo reduziram o tamanho foliar para um tamanho semelhante ao controle. Os resultados demonstram que T. recurvata é tolerante ao resíduo, e a dose de 5 mg pode favorecer seu crescimento devido a presença de macro e micronutrientes. A redução de ETR e do teor de clorofila em plantas sob 10 mg ou mais de resíduo de mineração de ferro demonstra potencial como variáveis bioindicadoras da toxicidade pelo poluente para plantas epífitas.
