O Programa Residência Pedagógica na Universidade Federal de Alfenas: a experiência do docente orientador no contexto aa Pandemia de Covid-19

Esta pesquisa investiga a orientação da prática pedagógica no contexto da formação de professores, com foco no Programa Residência Pedagógica (PRP) e na atuação dos Docentes Orientadores. Esses professores-formadores, pertencentes à instituição de Ensino Superior, desempenham um papel fundamental ao orientar os licenciandos durante a imersão nas escolas, integrando a experiência da residência aos fundamentos teórico-práticos da profissão docente. Assim, o objetivo central desta pesquisa foi analisar a experiência dos docentes orientadores no desenvolvimento do PRP na Universidade Federal de Alfenas (UNIFAL-MG), bem como compreender o movimento didático-pedagógico do docente orientador durante o período da pandemia de COVID-19. A pesquisa foi de natureza qualitativa, com dados coletados por meio de entrevistas semiestruturadas com sete docentes orientadores do PRP da UNIFAL-MG que integraram o programa durante o período de vigência do Edital no 1 de 2020. As entrevistas foram analisadas por meio da análise construtivo-interpretativa. A análise interpretativa dos dados evidenciou três núcleos de significação: I) A docência em tempos de pandemia na Residência Pedagógica; II) A dimensão relacional discente e docente; III) O exercício da docência e a mediação digital. Os resultados destacam que a experiência dos orientadores no PRP durante a pandemia foi marcada por desafios e aprendizados. A adaptação dos subprojetos para o ensino remoto enfrentou obstáculos variados, destacando-se as particularidades de cada subprojeto e as limitações encontradas. O movimento de adaptação dos subprojetos para ensino remoto não foi uniforme e enfrentou desafios, especialmente diante das particularidades de cada subprojeto e das limitações encontradas. A dimensão relacional entre orientadores e residentes licenciandos foi fundamental, apesar da virtualidade ter gerado um certo distanciamento. A mediação digital, embora tenha proporcionado continuidade às atividades de residência, não foi capaz de replicar integralmente a experiência autêntica da sala de aula. O ensino remoto resultou em uma artificialização do aprendizado da docência, divergindo do propósito do programa de proporcionar uma imersão completa no processo de ensino e aprendizagem. A mudança abrupta para o ensino remoto intensificou as pressões emocionais e a sobrecarga de trabalho dos orientadores, impactando negativamente o bem-estar docente, sobretudo diante das transferências da docência para o ambiente residencial, uma vez que essa transição trouxe consigo diversas demandas, que até então eram separadas. Observou-se que as estratégias iniciais de orientação focaram na superação das limitações tecnológicas e na compreensão do cenário dos residentes. O movimento didático dos orientadores evoluiu para uma abordagem adaptada ao ensino remoto, incorporando o intercâmbio entre instituições, o engajamento dos residentes e uma orientação baseada na reflexão sobre o ensino a distância. Os resultados desta pesquisa contribuem para a compreensão da experiência dos docentes orientadores no PRP, especialmente no contexto da pandemia de COVID-19. Os achados da pesquisa apontam para a necessidade de repensar a formação inicial de professores, de modo a contemplar a perspectiva da docência remota e híbrida a partir da perspectiva dos professores-formadores, os orientadores.