Brumadinho: o lodo da injustiça e o racismo ambiental silenciado

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Data

2025-11-28

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Resumo

A tragédia de Brumadinho, ocorrida em 25 de janeiro de 2019, com o rompimento da Barragem I da Mina Córrego do Feijão , não foi um acidente geológico, mas o colapso de uma estrutura mantida operante conscientemente em nome da produção de minério. Esse evento constitui um marco trágico da exploração mineral brasileira e revela as contradições de um modelo econômico centrado na acumulação e no lucro em detrimento da vida. Mais do que um desastre técnico, o evento configura um crime socioambiental que evidencia a lógica de poder corporativo analisada por Achille Mbembe por meio das noções de necropolítica (o poder de ditar quem deve morrer) e brutalismo (a destruição como componente da produção). A partir de uma abordagem interdisciplinar e análise de material já publicado, este trabalho investiga como o capitalismo global e o extrativismo mineral produzem desigualdades ambientais e raciais, afetando de maneira desproporcional comunidades vulnerabilizadas, especialmente quilombolas, indígenas e ribeirinhas (um caso explícito de racismo ambiental ). Discute-se a fragilidade das instituições democráticas diante do poder econômico, à luz do conceito de democracia cosmética de Muniz Sodré, e a insuficiência das políticas de reparação. Como resultado, a pesquisa mostra que a catástrofe foi precificada pela empresa e que o Acordo de Reparação falhou em promover a justiça integral. Revela-se que o dinheiro da morte de 272 pessoas foi desviado para financiar projetos estaduais (como o Rodoanel) , configurando um desvio de finalidade moral. O estudo conclui que a poluição de 305 km do Rio Paraopeba atingiu desproporcionalmente populações negras/pardas (63.8% na Zona Atingida) e causou contaminação grave em crianças , ressaltando a urgência de superar o brutalismo corporativo e a necessidade de um novo paradigma que valorize a sustentabilidade, a equidade e a dignidade humana.


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