Estudos de biodistribuição tecidual aplicados à quimioterapia da doença de Chagas

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2025-08-29

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Resumo

Os mecanismos que explicam a resistência de Trypanosoma cruzi ao tratamento etiológico ainda não são claros. O objetivo deste projeto foi investigar se a distribuição tecidual do parasito e a resposta imune do hospedeiro influenciam na resposta de diferentes cepas de T. cruzi ao tratamento etiológico. Para isso foram usados o benznidazol (100mg/kg), um fármaco nitro-heterocíclico, e o E1224 (50mg/kg), um azol inibidor da biossíntese de ergosterol com reconhecida atividade tripanossomicida. Camundongos BALB/c infectados pelas cepas Colombiana e CL Brener (resistente e susceptível ao benznidazol, respectivamente) foram tratados por 5 dias consecutivos na fase aguda da infecção. A parasitemia foi avaliada diariamente e o perfil de distribuição tecidual investigado, por qPCR, em dois momentos distintos: no último dia de tratamento e 5 dias após o término do tratamento. A quantificação de citocinas Th1/Th2/Th17 foi realizada em amostras de plasma obtidas no último dia de tratamento. Grupos controle infectados ou não foram incluídos. Os resultados indicaram que o coração, músculo esquelético e tecido adiposo foram os nichos de maior carga parasitária nos animais infectados pela cepa Colombiana na fase aguda. Para a cepa CL foi identificada alta carga parasitária em todos os órgãos, particularmente pulmão, rim, músculo esquelético e intestino grosso. O benznidazol e o E1224 reduziram significativamente o parasitismo em todos os órgãos dos animais infectados pela cepa Colombiana; o mesmo foi observado para o benznidazol no tratamento da infecção pela cepa CL. Contudo, diferentes perfis foram observados após imunossupressão. Para a cepa CL, não foi detectado aumento da carga parasitária pós-imunossupressão; pelo contrário, no tecido adiposo, baço e fígado, o número de parasitos foi significativamente menor. Para a cepa Colombiana, foi identificada reativação após tratamento com benznidazol no coração, tecido adiposo e intestino grosso, enquanto coração e fígado foram os sítios de recrudescência após tratamento com E1224. A infecção aguda induziu perfil similar, pró-inflamatório, de citocinas para ambas as cepas. A redução da carga parasitária, independente do fármaco ou cepa, modulou negativamente as citocinas do perfil Th1, cujos níveis foram significativamente menores do que os observados para os animais infectados e não tratados. Nossos dados evidenciam que o perfil de citocinas identificado não se apresentou como fator determinante na resposta de susceptibilidade ou resistência ao benznidazol na fase aguda da infecção por T. cruzi. Ainda, indicam que a cepa Colombiana, resistente à terapia com benznidazol e E1224, possui coracão, músculo esquelético, fígado, tecido adiposo e/ou intestino grosso como reservatórios de T. cruzi após tratamento etiológico com esses fármacos, podendo contribuir para falha terapêutica.


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