Caracterização fitoquímica e avaliação das atividades biológicas dos extratos obtidos das folhas de Eugenia florida DC. (Myrtaceae)
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Resumo
As plantas medicinais correspondem às mais antigas estratégias empregadas pelo homem no tratamento de enfermidades de todos os tipos. Devido à grande diversidade vegetal com potencial terapêutico, ao histórico e à cultura do povo brasileiro, plantas com potencial antioxidante, antidiabético, antimicrobiano e leishmanicida têm sido alvo de estudo por uma gama de pesquisadores. Com base nessas informações, a espécie vegetal Eugenia florida DC. é uma candidata promissora para tais estudos. Desta forma, o presente trabalho teve como objetivos identificar e/ou determinar os compostos químicos presentes no extrato hidroetanólico 70% (v/v) e nos macerados em metanol, acetato de etila, acetona e hexano das folhas da espécie em questão, bem como a avaliação das atividades antirradicalar, antimicrobiana, leishmanicida e antidiabética destes extratos. Inicialmente, fez-se uma triagem fitoquímica preliminar, por meio de cromatografia em camada delgada nos extratos secos, que permitiram a detecção de compostos como flavonoides, taninos, ácidos fenólicos, saponinas e triterpenos. Posteriormente, os extratos foram analisados em espectrômetro de massas, no modo negativo, o que possibilitou a identificação de alguns constituintes químicos da classe dos fenóis, dos terpenoides e das saponinas, baseando-se na massa molecular e nos padrões de fragmentação de algumas das moléculas. As análises químicas quantitativas demonstraram que os extratos hidroetanólico (EB) e o macerado em acetato de etila (M-EtOAc) foram os que apresentaram os maiores teores de compostos fenólicos, enquanto que EB e o macerado em metanol (M-MeOH) foram os que demonstraram conter a maior quantidade de flavonoides e taninos. Na determinação da atividade antirradicalar, o valor de CE50 para EB apresentou-se bem próximo ao obtido com o padrão de quercetina, indicando uma excelente atividade. Os macerados apresentaram atividade antirradicalar bem menor. Nas análises de atividade antimicrobiana, o M-MeOH foi o que se mostrou mais ativo contra as leveduras testadas, mas todos eles foram pouco efetivos para as bactérias usadas. Nenhum dos extratos foi efetivo para inibir o crescimento das formas promastigotas de Leishmania amazonensis utilizadas no teste. Na avaliação dos parâmetros bioquímicos de ratos diabéticos tratados com EB, observaram-se diminuições significativas nos níveis séricos de glicose, frutosamina e triglicerídeos, bem como o aumento dos níveis de colesterol HDL. A administração do EB não apresentou efeitos sobre a função renal, na atividade de AST e ALT e nos demais parâmetros do perfil lipídico. Porém, ocorreu melhora nos danos hepáticos e renais nos animais diabéticos tratados, através da redução do malondialdeído (MDA). Dessa forma, concluiu-se que a espécie E. florida DC. apresenta um potencial biológico interessante, devido, principalmente, aos seus metabólitos secundários bioativos, que demonstraram promissora atividade sobre os parâmetros bioquímicos em modelos de ratos diabéticos.