Análise do meio físico como subsídio à definição de diretrizes em planos diretores municipais no trecho médio da bacia hidrográfica do rio Sapucaí

O desenvolvimento da sociedade tem sido acompanhado de uma lógica de pensamento que a coloca como uma força dominante em relação à natureza. O processo de transformação da paisagem é carregado por interesses particulares que comprometem os recursos naturais e evidenciam a arrogância humana. A abordagem sistêmica modificou a maneira de se trabalhar as questões relativas à sociedade e a natureza e, na Geografia Física, foi o paradigma geossistêmico que passou a vigorar sobre o modo de se analisar a paisagem com preocupações nesta dualidade. Sochava (1968) foi o precursor do termo e definiu o geossistema como uma alternativa de caráter heterogêneo e dinâmico para a análise da paisagem de maneira sistêmica e holística, enquanto Bertrand (1972) foi responsável por adaptar e difundir essas ideias no ocidente. A literatura geográfica brasileira, principalmente com estudos ambientais, tem trabalhado a paisagem pela perspectiva geossistêmica. Fornecer diretrizes para o desenvolvimento urbano é função do Plano Diretor Municipal, e o mesmo deve ser produzido com o suporte de um diagnóstico completo sobre as características abióticas, bióticas e culturais da área em questão. Contraditórias a este contexto, as cidades brasileiras têm se desenvolvido sem o planejamento e a gestão territorial pautados no conhecimento científico do meio físico. Essa situação se expressa na expansão desordenada paralela ao surgimento de problemas relacionados às características bióticas, abióticas e culturais da área em questão. Nesta narrativa, o presente trabalho buscou elaborar um modelo de análise para o meio físico, através do método Geossistema-Território-Paisagem (GTP) associado à suscetibilidade natural de ocorrência de eventos geológicos, de enchente e inundação, como forma de subsidiar diretrizes em planos diretores municipais no trecho médio da bacia hidrográfica do rio Sapucaí.