A expansão da pós-graduação na universidade federal de alfenas – UNIFAL-MG

A Escola de Farmácia e Odontologia de Alfenas - EFOA, fundada em 1914, foi estruturada tendo como missão a formação de profissionais da área de saúde. Durante os diversos momentos de sua história, foi sendo constituída uma determinada cultura institucional calcada no ensino de cunho profissional, o que determinou a dinâmica interna da instituição e, consequentemente, suas práticas. A dinâmica interna estabelecida pela instituição respondia a posição que esta ocupava no campo universitário brasileiro, que, para além das diversas transformações que passou ao longo do século XX, principalmente com os processos de institucionalização da pesquisa e da pós-graduação no país, estabelecia uma hierarquia entre as instituições produtoras de conhecimento e as instituições reprodutoras de conhecimento. Eram as universidades de pesquisa versus as universidades de ensino. Porém, esse status quo que caracterizou o espaço universitário por tantos anos inicia um processo de reconfiguração, que teve grande impulso com a reforma de Estado na década de 1990 e com a implementação de determinadas políticas de pós-graduação, com destacado papel da Capes. Assim, abre-se a possibilidade de novas práticas universitárias serem engendradas e institucionalizadas na UNIFAL-MG, como as atividades de pesquisa e pós-graduação. Desta forma, o objetivo principal deste trabalho foi analisar o processo de implementação e expansão da pós-graduação e seus impactos em uma Instituição do interior do estado de Minas Gerais com um forte histórico na prática do ensino de graduação. Para tanto, utilizamos como principal instrumento metodológico a análise documental e análise de dados estatísticos da Instituição. Os dados nos apontam que novas práticas efetivamente foram institucionalizadas, como a pesquisa e a pós-graduação. Uma nova dinâmica passa a caracterizar as relações de força na instituição. A UNIFAL-MG, esse microcosmo com suas próprias leis e regras, transforma-se em palco privilegiado dos embates pela hegemonia nesse espaço. Como arcabouço teórico, temos a formulação do conceito de campo, habitus e capital de Pierre Bourdieu. Como afirma Catani (2013, p.60), não há como pensar esses conceitos de forma separada, uma vez que um é o complemento do outro. O campo um espaço social relativamente autônomo, parte integrante de um campo maior, o que chamamos campo do poder. O habitus como estruturas estruturadas e estruturantes, ou seja, como que os agentes inseridos nesse espaço apropriam de determinadas maneiras e formas de pensar, sendo estas uma mescla de sua formação acadêmica, história de vida e da identidade institucional a qual estão imersos. E o capital, como forma de entender os sentidos que os agentes do campo atribuem a determinadas questões quando de sua tomada de posição nesse universo.