Perfil epidemiológico e funcional da paralisia cerebral no sul de Minas Gerais: uma análise do Registro Brasileiro de Paralisia Cerebral (RB-PC)
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Resumo
Introdução: A paralisia cerebral (PC) é um grupo de distúrbios do movimento e da postura causados por uma lesão não progressiva no cérebro em desenvolvimento, geralmente ocorrendo antes ou durante o nascimento, ou ainda nos primeiros anos de vida (Leite; Camargos; Gonçalves, 2023). De acordo com Galea et al. (2018), registros que apresentam dados de pessoas com PC em uma região geográfica específica no decorrer dos anos, são essenciais para compreender as tendências temporais da prevalência geral da PC. Objetivo: Investigar as características clínicas de pessoas com PC em municípios da região do sul de Minas Gerais, a partir do Registro Brasileiro de Paralisia Cerebral (RB-PC). Metodologia: Estudo transversal, com abordagem observacional e descritiva, com 48 participantes diagnosticados com PC, de 0 a 100 anos, do sul de Minas Gerais. As coletas foram realizadas no período de maio à setembro de 2025, por meio de entrevistas presenciais ou telefônicas, aplicando-se o questionário do RB-PC e os TCLE (Termo de Consentimento Livre e Esclarecido). Os dados obtidos foram inicialmente submetidos à análise estatística descritiva, sendo apresentados em média, desvio padrão e IC 95% para as variáveis quantitativas, e em frequência absoluta e percentual para as variáveis qualitativas. Na associação entre variáveis qualitativas nominais e ordinais, foi utilizado o teste do qui-quadrado de independência. Quando as premissas desse teste não foram atendidas, aplicou-se o teste exato de Monte Carlo com 10.000 amostragens. Foi utilizado o software IBM SPSS Statistics, versão 20.0 (IBM Corp., Armonk, NY, EUA). Resultados: A maioria dos primeiros sinais de PC observados ocorreu na faixa etária de 0 – 5 meses (45,8%). O período mais frequente em que ocorreu o primeiro diagnóstico realizado por profissional de saúde foi em menores de 6 meses (29,2%) e de 6 – 12 meses (29,2%). 79,2% dos participantes tiveram a ocorrência da PC durante a gestação e/ou até os primeiros 28 dias de vida e dentre as causas pré/perinatais, o evento hipóxico-isquêmico foi o mais observado (22,9%). A PC espástica foi encontrada em 66,7% dos participantes, sendo a quadriplegia mais prevalente (35,4%). O nível V da escala GMFCS foi o mais frequente (35,4%) e na escala MACS, foi o nível II (22,9%). Verificou-se que 97,9% tem ou já teve acesso à fisioterapia e que, ao todo, 33,3% não tem acesso completo às tecnologias assistivas. Na associação entre as variáveis Tipo de Paralisia Cerebral (5 categorias) e Nível da Escala MACS (6 categorias) por meio do teste exato de Monte Carlo com 10.000 amostras aleatórias, notou-se associação significativa (p = 0,03; IC99% = 0,026–0,034). Conclusão: A PC constitui uma condição heterogênea, com manifestações clínicas variadas e diferentes tipos que impactam de maneira distinta a funcionalidade e a participação dos indivíduos. A partir dessa pesquisa, inicia-se o conhecimento de dados originalmente brasileiros que evidenciam a necessidade de cuidados pré/perinatais, assim como ações de saúde e políticas públicas orientadas para promover o acesso aos serviços de saúde e aos recursos de acessibilidade, além da promoção da participação plena e da funcionalidade.
