Avaliação do efeito da dieta hiperproteica no desenvolvimento da esquistossomose experimental

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Data

2019-09-04

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Universidade Federal de Alfenas

Resumo

A esquistossomose mansoni é uma doença tropical negligenciada, causada pelo parasito trematódeo Schistosoma mansoni. A patogenia da esquistossomose mansoni resulta dos ovos do parasito que ficam depositados nos tecidos do hospedeiro, particularmente no fígado e intestinos. A estimulação antigênica contínua desses ovos leva ao recrutamento de células inflamatórias para os locais de infecção com formação de granulomas periovulares, que são estruturas complexas com tamanho e composição variáveis e são a característica histopatológica mais marcante da esquistossomose mansoni. Modelos induzidos por dieta têm se mostrado benéficos para avaliar as mudanças fisiológicas que ocorrem durante a patogênese e a maioria dos estudos experimentais sobre esquistossomose demonstrou que a relação parasita-hospedeiro pode ser modificada pelo estado nutricional do hospedeiro. Entretanto, o efeito combinado da dieta hiperproteica e a esquistossomose sobre a fisiopatologia e a progressão da doença ainda é pouco conhecido. Este tipo de dieta associada à esquistossomose pode elucidar se existe interação entre a infecção, qual ou quais fases da infecção e a dieta e o quanto essa interação pode modificar a patogênese nas infecções por S. mansoni. Este trabalho teve como objetivo avaliar o efeito da dieta hiperproteica no desenvolvimento da esquistossomose experimental. Assim, o trabalho foi dividido em três capítulos, nos quais revisamos sistematicamente a evidência pré-clínica sobre o impacto da dieta na infecção por S. mansoni e avaliamos o efeito da dieta rica em proteínas nas fases aguda e crônica da doença. Foram utilizados camundongos Swiss machos com três a quatro semanas de idade, alimentados com dieta padrão (22%) e hiperproteica (38% proteína). O experimento foi conduzido com 8 grupos com 10 camundongos em cada um, divididos de acordo com a infecção (infectado ou sadio), o tipo de dieta (hiperproteica ou padrão) e a fase da infecção (aguda ou crônica). Foram avaliados o perfil de crescimento corporal dos camundongos, a absorção de nitrogênio da dieta (digestibilidade aparente), peso relativo do fígado e da gordura periepididimal. Avaliou-se número de ovos nas fezes, no fígado e no intestino, fez-se análises histopatológicas e estereológicas dos granulomas e da área remota do tecido hepático, bem como morfometria do intestino. Nossos resultados demonstraram que em ambas as fases da infecção, a dieta hiperproteica não influenciou no crescimento corporal dos camundongos. Além disso, o coeficiente de digestibilidade aparente da proteína da dieta hiperproteica foi alta. Nas fases aguda e crônica, o número de ovos nas fezes, no fígado e no intestino dos animais com dieta hiperproteica não diferiu estatisticamente em relação à dieta padrão. Na avaliação das lesões hepáticas, os animais com dieta hiperproteica apresentaram maior peso do fígado, menor densidade de número de hepatócitos e maior número de granulomas hepáticos na fase aguda; na fase crônica, os animais com dieta hiperproteica também apresentaram maior peso do fígado menor peso da gordura periepididimal, menor densidade de volume e número de hepatócitos e não houve influência no número e volume dos granulomas. Na fase aguda, os animais com dieta hiperproteica tiveram camadas musculares diminuídas e maior espessura da mucosa intestinal, comprimento e largura das criptas, bem como maior área dos gânglios mioentéricos. Na fase crônica, animais com dieta hiperproteica tiveram camadas muscular da mucosa e mucosa intestinal aumentadas, bem como comprimento das criptas. Assim, os nossos achados evidenciaram que a dieta hiperproteica pode ter amplificado a inflamação granulomatosa, favorecendo o desenvolvimento de lesões teciduais mais graves, especialmente no fígado, cuja sobrecarga hepática morfofuncional é a característica patológica mais grave da esquistossomose.



Palavras-chave

Esquistossomose, Granuloma, Dieta Rica em Proteínas

Citação

MARQUES, Débora Vasconcelos Bastos. Avaliação do efeito da dieta hiperproteica no desenvolvimento da esquistossomose experimental. 2019. 128 f. Tese (Doutorado em Biociências Aplicada à Saúde) - Universidade Federal de Alfenas, Alfenas, MG, 2019.