Resistência microbiana ao paraquat: estudo com cepas isoladas de solos impactados por agrotóxicos

O presente estudo investigou a resistência microbiana ao herbicida paraquat proveniente de solos agrícolas submetidos a sistema de cultivos convencionais e com usos diversos, visando isolar e caracterizar cepas bacterianas com potencial para biorremediação. Foram coletadas amostras de solo de quatro áreas distintas (campo de golfe, cultivo de café, cultivo de batata e cultivo de eucalipto) em 2024. O processo de enriquecimento microbiano foi realizado em meio líquido contendo paraquat (50 mg/L) como única fonte de carbono, seguido pelo isolamento em meio sólido. Foram identificadas 11 cepas bacterianas distintas. Testes de crescimento em presença de paraquat (50 mg/L) demonstraram a capacidade de proliferação de todas as cepas, com destaque para G3 (campo de golfe) e B2 (cultivo de batata) que apresentaram os crescimentos mais robustos. A determinação da Concentração Mínima Inibitória (CMI) revelou alta tolerância ao herbicida, com G3 e E1 (eucalipto) exibindo as maiores CMIs (350 mg/L e 300 mg/L, respectivamente).Foram identificadas 11 cepas, com predominância do gênero Bacillus (oito cepas), além de Cellulosimicrobium sp., Lysinibacillus sp. e uma "bactéria não cultivada". A ubiquidade e versatilidade metabólica de Bacillus spp. reforçam seu potencial na biotransformação e degradação de herbicidas. Os resultados indicam que solos com diferentes históricos de uso e manejo, abrigam microrganismos adaptados ao paraquat, oferecendo um recurso promissor para o desenvolvimento de estratégias de biorremediação sustentáveis para ecossistemas contaminados por agroquímicos.