Implicações da técnica “Broken Needle” na punção venosa periférica de neonatos prematuros
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Resumo
Entre os diversos procedimentos realizados na Unidade de Terapia Intensiva Neonatal (UTIN), está a Punção Venosa Periférica (PVP), considerada uma prática complexa, que representa 85% das atividades da equipe de enfermagem, sendo também a mais dolorosa. Os dispositivos utilizados em adultos têm sido adaptados para o uso em crianças e lactentes por não existir um material específico para assistência pediátrica. Entre estas práticas encontra-se a técnica broken needle, que tem sido considerada útil pelos profissionais que a utilizam por facilitar a coleta de amostras sanguíneas, apesar de alguns estudos atentarem para o risco de eventos adversos. O objetivo geral é avaliar as implicações da técnica broken needle sobre os parâmetros hemodinâmicos e comportamentais relacionados à dor durante a punção venosa periférica para coleta de sangue em neonatos prematuros e entender sua utilização na prática profissional. Especificamente objetivou descrever as características clínicas dos neonatos prematuros; avaliar as implicações da técnica broken needle na PVP em neonato prematuro nos seguintes parâmetros: nível de dor, comportamental e fisiológico; verificar a ocorrência de eventos adversos da utilização da técnica na PVP em neonatos prematuros; apreender a percepção dos profissionais de enfermagem e medicina que utilizam a técnica broken needle na PVP em neonatos prematuros. O estudo de método misto foi desenvolvido em duas etapas: na primeira foi realizado um estudo quantitativo, transversal e descritivo, em que a amostra foi composta por neonatos prematuros divididos em dois grupos – tratado e controle e foi realizada investigação retrospectiva dos prontuários. Na segunda etapa foi realizada uma pesquisa qualitativa com entrevistas semiestruturadas com cinco profissionais e os dados foram submetidos à Análise de Conteúdo de Bardin. Na caracterização dos neonatos há similaridade entre os dois grupos, sendo em sua maioria prematuros com idade gestacional entre 32 e 35,6 semanas, com diagnósticos relacionados a causas respiratórias, com peso maior de 1500g. Na análise documental não houve registro de sinais flogísticos ou lesões nos membros em que foi realizada a coleta de sangue. Os profissionais acreditam que a técnica broken needle seja mais eficaz por ser mais rápida do que as outras técnicas, o que não foi comprovado na análise do tempo de coleta nos neonatos. Não houve diferença estatística entre os grupos em relação ao comportamento da frequência cardíaca, padrão de sono e olhos espremidos durante a PVP. Em relação à saturação de oxigênio, sobrancelhas salientes e sulco nasolabial aprofundado houve diferença estatística entre os grupos. Apesar da tênue diferença entre os grupos no momento da punção, não há vantagens significativas de uma técnica em relação à outra. Evidenciou-se a importância do treinamento contínuo da equipe, pois os profissionais valorizam as informações passadas de um membro a outro. A transferência do conhecimento de um profissional ao outro favorece a incorporação da técnica. A equipe se preocupa em realizar técnicas que sejam menos agressivas ao neonato e realizam a técnica broken needle porque acreditam que a técnica seja mais vantajosa e benéfica e que não tenha efeitos adversos para o neonato. A técnica estudada parece não ter efeitos sobre os parâmetros relacionados com a dor neonatal, não demonstrando diminuir nem aumentar os escores de dor nos neonatos quando comparada com a técnica utilizando o canhão. Não foi encontrada relação da ocorrência de eventos adversos/complicações com a PVP. Ressalta-se que deve ser chamada a atenção para a segurança do paciente no procedimento de punção e a equipe deve revisar a tendência ao modelo mecanicista da assistência. Sugere-se a realização de outros estudos, inclusive com realização em escala nacional.