Avaliação do conhecimento em primeiros socorros dos professores do ensino fundamental
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Resumo
Com o caráter obrigatório da ‘Lei Lucas’, o treinamento em primeiros socorros para os professores e funcionários vem sendo concretizado em diferentes locais do Brasil. Compreender se o treinamento realizado possibilitou que os professores agregassem conhecimentos sobre técnicas básicas em primeiros socorros é mais um passo na busca pela promoção da segurança e saúde da criança. Assim, o presente trabalho teve como objetivo avaliar o conhecimento teórico dos professores do ensino fundamental em primeiros socorros após treinamento. Trata-se de uma pesquisa descritiva transversal, analítica, com abordagem quantitativa, conduzida em uma cidade no interior de Minas Gerais. A pesquisa contemplou 201 professores de escolas municipais de ensino fundamental, que atuam direta ou indiretamente em sala de aula e que participaram do treinamento em primeiros socorros realizado pelo Núcleo de Educação em Urgência do SAMU. A coleta de dados foi realizada por meio de um instrumento validado pela técnica e-Delphi, entre os meses de novembro e dezembro de 2024. Os dados foram analisados de forma descritiva e por regressão logística. Quanto as características dos participantes, 78,1% (n=157) dos professores são do gênero feminino, com média de idade de 48,4 anos, predominantemente graduados em pedagogia (48,8% / n=98) e com atuação maior de 15 anos na área. O treinamento ministrado aos professores e funcionários teve média de tempo de cinco horas. Os resultados demostraram que apenas 57,2% (n=115) alcançaram o mínimo esperado para um bom aproveitamento ao que se refere ao conhecimento teórico em primeiros socorros com média de acerto de 11,69 questões. As principais lacunas existentes no conhecimento dos professores são: relação compressão-ventilação na PCR em criança, desobstrução de vias aéreas, sangramento nasal, choque anafilático, picada por animal peçonhento, febre, luxação e entorse. A análise inferencial demonstrou que, docentes do gênero masculino, com formação em pedagogia, menor tempo de experiência profissional e que participaram de capacitações com maior carga horária apresentaram melhores desempenhos. Em contrapartida, quanto maior a idade e tempo de atuação dos professores, exercício profissional de forma ininterrupta no último ano letivo, menor carga horária de treinamento e formação em licenciatura, menor o nível de conhecimento. Constata-se que os aspectos individuais e formativos exercem influência direta sobre o desempenho em primeiros socorros, o que reforça a urgência de estratégias educacionais permanentes e específicas, voltadas à homogeneização do preparo docente diante de situações emergenciais. Destaca-se que o professor devidamente capacitado e em consonância com os princípios fundamentais dos primeiros socorros assume papel essencial na prevenção de agravos e na garantia de um desfecho mais favorável para crianças e adolescentes em contextos de urgência no ambiente escolar. Dessa forma, a capacitação ultrapassa o âmbito meramente instrucional, configurando-se como ação estratégica de saúde pública e de responsabilidade institucional articulada à atuação técnica e educativa do enfermeiro do Programa Saúde na Escola, permitindo a transformação do conhecimento em prática efetiva, fortalecimento da cultura de prevenção. Assim, fortalecimento de uma base científica possibilitará a sustentação não apenas de atualização contínua, mas também a corresponsabilidade dos entes federativos pelo cumprimento das diretrizes preconizadas pela Lei Lucas.
