Efeitos da inibição endógena da produção de h2s nas respostas homeostáticas induzidas pela dieta hipersódica em ratos
Data
Autores
Título da Revista
ISSN da Revista
Título de Volume
Editor
Resumo
O sódio (Na+) é o principal soluto osmoticamente ativo do meio extracelular, bem como constitui o principal íon responsável pela manutenção do volume do líquido circulante, essencial à adequada perfusão dos tecidos. Recentemente, tem sido demonstrada a participação de moduladores gasosos na homeostase deste íon, entre eles o sulfeto de hidrogênio (H2S), formado, entre outras vias, por ação da enzima cistationina-γ-liase (CSE). Diante disto, o presente estudo visou avaliar a participação do H2S nas respostas homeostáticas desencadeadas pelo consumo agudo de dieta hipersódica. Após habituação com a ração convencional moída (NUVILAB®), 72 ratos Wistar machos adultos foram mantidos durante sete dias com dieta controle [C (0,27% de sódio)] ou hipersódica [S2 (0,54%)/S3 (0,81%)], e tratados com um inibidor da enzima CSE (DL-Propargilglicina, PAG, 25 mg/kg/dia, i.p., Sigma®) ou veículo (soro fisiológico). Ao final deste período, os animais foram eutanasiados por decapitação. Demonstramos que a ingestão, mesmo que aguda, de uma quantidade aumentada de Na+ na dieta, em valores que tentam mimetizar as variações no consumo humano (2 a 3 vezes o preconizado) modificou de maneira importante o balanço de água e Na+, com repercussões em ao menos dois eixos neuroendócrinos (hipotálamo-neuro-hipofisário e hipotálamo-hipófise-adrenal). Interessantemente, todas essas respostas adaptativas se desenvolveram mesmo na ausência de alterações comportamentais (aumento reflexo da ingestão de água) e plasmáticas (hiperosmolalidade/hipernatremia) evidentes. Esses achados foram acompanhados pelo desenvolvimento de uma clara resposta inflamatória em elementos tubulares e microvasculares renais, resposta esta extensiva, porém menos intensa, em uma grande artéria sistêmica (aorta). Por sua vez, a inibição da produção endógena de H2S pela CSE, por meio do tratamento com PAG, preveniu a inflamação induzida pela dieta hipersódica, além de modular a secreção hormonal. Em suma, nossos dados sugerem que o H2S tenha um papel pró-inflamatório importante, aparentemente contrarregulador do NO, que esteja envolvido nas alterações agudas desencadeadas pelo consumo excessivo de Na+. Essas alterações, se mantidas em longo prazo, podem contribuir para a patogênese de distúrbios locais, principalmente renais, bem como sistêmicos, como a hipertensão arterial.