Avaliação da alteração da susceptibilidade à pentamidina e compostos híbridos de eugenol e metronidazol em Leishmania (L.) Amazonensis frente a alteração na forma de vida
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Resumo
A leishmaniose é uma doença negligenciada de ampla distribuição global, causada por protozoários do gênero Leishmania, que no Brasil apresenta alta incidência nas formas tegumentar e visceral, sobretudo em regiões de baixa renda. O tratamento atual envolve fármacos com elevada toxicidade, difícil administração e crescente resistência parasitária, o que compromete a eficácia terapêutica. Dentre as alternativas, a pentamidina apresenta ação multifatorial, sendo uma opção promissora, ainda que também limitada por seus efeitos adversos, enquanto outros compostos bioativos, como híbridos metronidazol-eugenol, demonstram potencial leishmanicida em ensaios experimentais e podem ampliar o leque de candidatos terapêuticos. Ensaios laboratoriais geralmente utilizam a forma promastigota do parasita, entretanto, essa forma não representa com precisão a biologia das amastigotas intracelulares, mais relevantes clinicamente, e, nesse contexto, o uso de amastigotas axênicas surge como alternativa viável para triagens in vitro. Este trabalho tem como objetivo avaliar a susceptibilidade de Leishmania (L.) amazonensis à pentamidina e a compostos derivados de eugenol e metronidazol após a diferenciação entre formas promastigotas e amastigotas axênicas, por meio da utilização de culturas do parasita submetidas a protocolos de diferenciação, com posterior exposição ao fármaco e análise de viabilidade celular. Os resultados demonstraram que os híbridos apresentaram perfis semelhantes de suscetibilidade entre si. Observou-se aumento dos valores de EC₅₀ após a exposição prévia dos promastigotas aos compostos, indicando tolerância transitória. Em contraste, a diferenciação para amastigotas axênicas resultou em redução do EC₅₀, tornando os parasitas mais suscetíveis, efeito ainda mais pronunciado quando a diferenciação foi precedida pelo tratamento, sugerindo que o processo pode atenuar mecanismos adaptativos de tolerância. A pentamidina manteve EC₅₀ inferiores aos dos híbridos em todas as condições, embora tenha seguido o mesmo padrão de variação, com aumento inicial após o tratamento e queda durante a axenização. Esses achados evidenciam que a suscetibilidade de L. amazonensis varia conforme o estágio biológico e o histórico de exposição, reforçando a importância da inclusão de amastigotas axênicas em triagens farmacológicas e indicando o potencial dos híbridos como candidatos terapêuticos.
