Mestrado em Educação
URI Permanente para esta coleçãohttps://repositorio.unifal-mg.edu.br/handle/123456789/2655
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Navegando Mestrado em Educação por Assunto "Ação Afirmativa"
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Item Acesso aberto (Open Access) A Lei de Cotas na UNIFAL-MG : alcance no ingresso e implicações para a integração social e acadêmica de estudantes das Ciências Exatas(Universidade Federal de Alfenas, 2022-03-03) Lopes, Ronaldo André; Silva, Guilherme Henrique Gomes Da; Silva, Natalino Neves Da; Sousa, Maria Do Carmo DeEste trabalho busca ampliar as discussões relacionadas às ações afirmativas no Ensino Superior no âmbito da Educação Matemática. Seus objetivos foram compreender o alcance da Lei de Cotas no ingresso de estudantes na Universidade Federal de Alfenas (UNIFAL-MG) entre os anos de 2014 e 2019; e compreender o modo como ocorre a integração social e acadêmica de estudantes público-alvo da Lei de Cotas da área de Ciências Exatas nesta instituição. A pesquisa foi realizada em duas etapas. Na primeira, utilizamos microdados fornecidos pela UNIFAL-MG relacionados a informações sobre estudantes de 28 cursos presenciais de graduação, ingressantes pelo SISU/ENEM entre 2014 e 2019. Foram analisados a taxa de ocupação das vagas com base na Lei de Cotas; o perfil racial dos ingressantes, com base na autodeclaração racial; e simulações sobre a porcentagem de estudantes que não teriam ingressado na UNIFAL-MG sem a Lei de Cotas. Na segunda etapa, utilizamos as respostas obtidas pela aplicação do instrumento Escala de Experiências Acadêmicas, Sociais e de Sobrevivência em cursos de Exatas (EASS-Exatas) em 17 desses cursos da UNIFAL-MG. Este instrumento possui 75 questões objetivas e foi aplicado on-line, com 534 estudantes, sendo 390 respondentes validados. Para análise dos dados coletados nesta etapa, utilizamos estatísticas descritivas, testes de significância de correlações, qui-quadrado e de correspondências. Posteriormente, também utilizamos a análise de componentes principais. Os resultados da primeira etapa do estudo destacam que, no período analisado e nas três áreas do conhecimento, houve subocupação das vagas nas categorias destinadas aos egressos da rede pública de ensino, autodeclarados pretos e pardos. Por outro lado, as categorias que não exigem autodeclaração racial apresentaram taxas de ocupação mais elevadas, tanto nas categorias de cotas quanto na categoria de ampla concorrência. Além disso, houve subocupação de vagas nas categorias destinadas a estudantes com deficiência. Embora em números relativos estes estudantes estejam ocupando poucas vagas, os resultados mostram uma tendência de aumento na ocupação das vagas nesta categoria. Os resultados também indicam que a Lei de Cotas influenciou positivamente a diversidade racial da universidade, uma vez que houve percentual de estudantes cotistas autodeclarados negros ligeiramente superior ao de autodeclarados brancos em todas as áreas do conhecimento. Além disso, em um cenário sem a Lei de Cotas, as simulações realizadas mostraram que estudantes cotistas autodeclarados pretos e pardos, nas mesmas condições socioeconômicas de estudantes cotistas brancos, teriam ingressado em menor número, mesmo quando realizamos agrupamentos nos dados considerando diferentes áreas de conhecimento. Os resultados da segunda etapa podem ser discutidos em quatros blocos: preparação, integração social, integração acadêmica e microagressões raciais. No primeiro, os resultados indicam que estudantes mais velhos se sentem menos preparados em relação à matemática do que seus pares; ainda, estudantes cotistas e não cotistas apresentam resultados similares em relação à sua preparação para cursar as disciplinas de matemática. No segundo bloco, os resultados indicam que estudantes mais velhos e estudantes do sexo masculino possuem scores totais mais elevados de integração social; além disso, estudantes autodeclarados brancos apresentaram scores totais mais elevados em relação a autodeclarados pretos e pardos. No terceiro, os resultados apontam que a participação em atividades extensionistas afeta positivamente a integração social dos estudantes. No último bloco, os resultados evidenciam que estudantes autodeclarados pretos apresentaram scores totais elevados relacionados a vivências com microagressões raciais no âmbito universitário. Estes estudantes, inclusive, estiveram mais engajados em atividades extraclasse, algo que a literatura aponta como importante para contrapor o racismo que vivenciam na universidade. Consideramos que os resultados deste estudo podem contribuir para o desenvolvimento de práticas e políticas públicas que possam favorecer o ingresso e a permanência de estudantes cotistas em cursos superiores da área de Exatas, principalmente aqueles autodeclarados pretos e pardos.Item Acesso aberto (Open Access) Microagressões raciais no Ensino Superior no âmbito das Ciências Exatas(Universidade Federal de Alfenas, 2023-10-19) Silva Júnior, Edson Aparecido Da; Silva, Guilherme Henrique Gomes Da; Mariano, André Luiz Sena; Rodrigues, Tatiane Consentino; Silva, Wanderson Roberto DaMicroagressões raciais são formas de racismo, muitas das vezes implícitas e nebulosas, manifestas nas relações interpessoais por meio de gestos, olhares, piadas, brincadeiras, proferidas de modo intencional ou não, direcionadas a indivíduos com base em sua raça/etnia. No âmbito do Ensino Superior, pesquisas destacam que a constante exposição de estudantes às microagressões raciais podem levá-los a desenvolver problemas de saúde e também a abandonarem ou a desistirem de seus cursos. O objetivo deste estudo foi compreender a maneira como ocorreu o alcance da Lei de Cotas no ingresso de estudantes de cursos superiores da área de Ciências Exatas e da Terra (CET) da Universidade Federal de Alfenas (UNIFAL-MG) em 2020 e 2021 e entender, por meio das experiências de estudantes negros de cursos de CET, a maneira como as microagressões raciais se manifestam em seu cotidiano acadêmico. Para alcançar este objetivo, realizamos uma pesquisa documental para mapear o alcance da Lei de Cotas na UNIFAL-MG em relação ao ingresso de estudantes nos cursos de graduação entre 2020 e 2021. Estes dados nos serviram como uma referência para entender o contexto em que as microagressões raciais podem se manifestar. Para isso, realizamos o processo de adaptação transcultural e validação relacionada ao conteúdo do CDMS Racial Microaggressions Online Survey, um questionário semiestruturado, que faz parte de um projeto denominado Racial Microaggressions at the University of Illinois e que indaga as experiências racistas, os sentimentos e reações tanto dentro, quanto fora dos campi universitários. Em seguida, fizemos um estudo-piloto, aplicando o questionário a 60 estudantes autodeclarados negros matriculados ou egressos de cursos de graduação ou pós- graduação na área de CET, ingressantes ou não pela Lei de Cotas de 19 universidades brasileiras. A técnica de amostragem foi a Snowball Sampling. Os dados foram analisados, na pesquisa documental, em termos da taxa de ocupação das vagas, usando estatísticas descritivas, e na pesquisa com o questionário, analisamos as respostas das questões objetivas e discursivas dos estudantes, levando-se em consideração os incidentes racistas sofridos no campus, em ambientes acadêmicos e na interação entre os colegas, bem como suas formas de enfrentamento. Os resultados da pesquisa documental destacaram que houve uma subocupação das vagas destinadas a estudantes pretos, pardos e indígenas (PPI), e estudantes com deficiência, ainda mais acentuada quando se trata do perfil racial e da renda. A pandemia da COVID-19, por sua vez, influenciou negativamente na taxa de ocupação das vagas da área de CET da UNIFAL-MG em 2020 e 2021, afetando de forma mais crítica o ingresso da população negra. Nossas simulações indicam que os ingressantes das vagas reservadas para estudantes PPI, e os estudantes com deficiência seriam os mais afetados com a ausência dessa Lei. Esse fator evidencia como o racismo estrutural age de forma violenta na exclusão da população negra nessa área. Além disso, ao analisar o alcance da Lei de Cotas por área, percebeu-se uma maior diversidade racial e uma mudança no perfil discente. Já os resultados da pesquisa com o questionário indicaram que as microagressões raciais mostram-se como um elemento que estudantes negros e negras precisam lidar diariamente, além da própria pressão da área e da tradicional dificuldade das disciplinas de matemática do curso. Notamos que estes estudantes utilizaram uma estratégia de silenciamento para enfrentar práticas com microagressões raciais. Esta estratégia ocorreu tanto como invisibilidade diante da não manifestação de negros e negras sobre sua intenção de participar da pesquisa, quanto do seu silenciamento quando aceitaram preencher o questionário. Consideramos que este estudo pode favorecer não apenas a consciência da existência de microagressões raciais em espaços acadêmicos no âmbito das Ciências Exatas, mas também a forma como elas se mostram como um obstáculo que estudantes negros e negras destes cursos precisam superar em sua trajetória acadêmica.