O Programa Minha Casa Minha Vida em Alfenas: entre o concebido e o vivido no cotidiano das habitações
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Resumo
Esta pesquisa pretende analisar as relações habitacionais compreendidas enquanto espaços concebidos e vividos, dos cinco residenciais do Programa Minha Casa Minha Vida, faixa 1, implementados no município de Alfenas, entre os anos de 2011 e 2020. À vista disso, considera-se os aspectos da sociedade urbana quanto processo da produção do espaço, sobretudo, a partir da década de 1960, no contexto de desconcentração industrial e a implementação de Conjuntos Habitacionais pelo Banco Nacional de Habitação, responsáveis pela expansão e surgimento de novas áreas periféricas. Considerando a implementação de diferentes políticas habitacionais no município, a partir da constituição de projetos e programas, nota-se a persistência da lógica de inserir famílias carentes em áreas periféricas e segregadas. É a partir de 2011, com a entrega do primeiro Residencial do Programa Minha Casa Minha Vida, se acentua a produção massiva de habitações, destoando da paisagem urbana de bairros consolidados. Os cinco residenciais, divididos por blocos, totalizam 1154 UHs, e, ao mesmo tempo, atravessam e são atravessados por essas periferias nas áreas oeste e norte da cidade. Por conseguinte, busca-se relacionar o espaço concebido, ou seja, planejado, e o habitat, com as práticas do espaço vivido pelas famílias, observando-se modos de apropriação e de privatização, demonstrando as possibilidades como forma de adaptação para a reprodução social das famílias. Para tanto, foram aplicadas entrevistas semiestruturadas direcionadas as famílias, buscando compreender as diferentes percepções sobre as habitações, as relações de convívio entre os moradores e o espaço público/privado, os aspectos da produção e reprodução enquanto classe trabalhadora. Observou-se que diante dos conflitos e dilemas da habitação produzida pelo Estado e construtoras, a situação e condições das famílias, por um lado, proporcionaram o acesso à moradia as classes de menor renda, historicamente excluídas de financiamentos e condicionadas às habitações de aluguel e coabitação familiar. Por outro, nota-se as possibilidades e apropriações pelo uso, sobretudo, pelas mulheres e crianças, apontando caminhos de organização e rompimento com a lógica hierarquizada.