Prevalência e fatores associados a eventos adversos a medicamentos em pacientes em necessidade de cuidados paliativos em um hospital de referência no sul de Minas Gerais
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Resumo
Introdução: Os cuidados paliativos englobam cuidado integral para indivíduos com doenças graves ou progressivas. Esses pacientes apresentam sintomas que afetam seu bem-estar, sendo a farmacoterapia fundamental para melhorar a qualidade de vida. Contudo, a polifarmácia pode aumentar o risco de eventos adversos a medicamentos (EAM) e desfechos de saúde desfavoráveis. Objetivo: Verificar a prevalência de EAM em pacientes sob cuidados paliativos. Método: Trata-se de umestudo epidemiológico, observacional e transversal em um hospital de referência no Sul de Minas. Incluíram-se pacientes maior ou igual a 18 anos com internação no setor de cuidados paliativos maior ou igual a 48h. Dados de admissão, óbito ou alta foram coletados via prontuário eletrônico e entrevista com formulário semiestruturado, avaliando prevalência, etiologia, gravidade, causalidade e prevenção dos EAM. Aprovado pelo CEP/UNIFAL-MG (Parecer 6.606.201). Resultados e discussão: Participaram do estudo 46 pacientes, dentro dos quais 22 tiveram óbito. Assim, 24 puderam ter os dados de alta analisados. A prevalência de EAM foi de 73,9%, evidenciando risco para segurança do paciente em cuidados paliativos, além de indicar a necessidade de avaliação específica de EAM para a população estudada. Em relação à etiologia desses eventos, reações adversas a medicamentos (RAM)foram as mais frequentes durante admissão e óbito (51,7% e 81,6% respectivamente), enquanto para alta hospitalar, erros de medicação foram a principal causa (50,0%). Esse achado mostra que RAM podem ser determinantes para piora dos níveis de morbidade em ambientes hospitalares e que há falhas no processo de conciliação medicamentosa, sobremaneira na transição entre os diferentes níveis assistenciais. Quanto à causalidade, os eventos foram considerados como possíveis na admissão e alta (71,0% e 87,5% respectivamente) e como prováveis para óbitos (86,7%). Já a gravidade desses eventos predominou como moderada na admissão (66,7%) e alta (65,4%), mas como grave para casos de óbito (42,1%). Todos os erros de medicação identificados (N=34) foram classificados como preveníveis e poderiam ter sido evitados por meio do monitoramento da evolução do paciente e da prescrição, principalmente em casos de polifarmácia, medicamentos potencialmente inapropriados e sobredosagem. Assim, integração do farmacêutico clínico na equipe de cuidados paliativos pode ser uma estratégia fundamental para a garantia da segurança do paciente e de sua qualidade de vida. Conclusão: Três em cada quatro participantes da pesquisa apresentaram EAM, com predominância de RAM e erros de medicação preveníveis durante a internação, evidenciando a vulnerabilidade dessa população. Protocolos de segurança medicamentosa de farmacovigilância somados à integração do farmacêutico clínico na equipe multidisciplinar podem ser estratégias para melhorar a assistência e a promoção do bem-estar do paciente.
